Sobre
Sou Teresa Maciel Ferreira, graduada em Letras – Língua e Literatura Portuguesa pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e mestra em Letras e Artes pelo Programa de Pós-Graduação em Letras e Artes da Universidade do Estado do Amazonas (PPGLA/UEA).
Atuo há 5 anos no ramo editorial, unindo rigor técnico e sensibilidade literária. Tenho textos acadêmicos e literários publicados em livros e revistas e experiência consolidada com revisão e edição textual.
No percurso profissional, fui revisora e supervisora de revisão na Editora Valer e, atualmente, trabalho como revisora e editora de textos na Editora Respel.
Tenho interesse em literaturas contemporâneas, ecrita criativa e teoria e crítica literária.


Entre os trabalhos que já desenvolvi estão projetos literários e acadêmicos publicados em livros e revistas, além da revisão e edição de obras de diferentes gêneros (da pesquisa científica à poesia, do ensaio à prosa ficcional) e da participação em grupos de pesquisa.


Erotismo e violência em Olhos d’água, de Conceição Evaristo.
O projeto de iniciação científica (PIBIC) teve como objetivo analisar as relações de gênero, poder e violência refletidas no erotismo dos corpos presentes na obra Olhos d’água, de Conceição Evaristo. A pesquisa discutiu a repressão do corpo e da sexualidade feminina, destacando como a literatura erótica escrita por mulheres pode atuar como forma de resistência e emancipação.
Além disso, o estudo abordou a produção literária marginal, buscando compreender como essas vozes contribuem para a recriação do discurso literário vigente e para a valorização de perspectivas historicamente silenciadas.


Márcia Antonelli, escritora das ruas: erotismo e escatologia em textos marginais de ficção.
Esta dissertação de mestrado investiga a produção literária de Márcia Antonelli, autora cuja escrita ousada une erotismo, grotesco e escatologia para questionar convenções morais e estéticas. A pesquisa analisa como sua obra transita entre o abjeto e o insólito, explorando personagens inspiradas na boemia e nas ruas de Manaus, espaços que alimentam sua criação ficcional. Além de discutir o lugar de Antonelli no cânone literário, o estudo dialoga com pensadores como Georges Bataille, Julia Kristeva, Judith Butler e outros teóricos da transgressão e da linguagem, buscando compreender as múltiplas facetas do erotismo e da escatologia em sua escrita.
Participação no grupo de pesquisa Memória Artística e Cultural do Amazonas (MemoCult).


O grupo de pesquisa Memória Artística e Cultural do Amazonas (MemoCult) atua nas linhas de pesquisa "Arquivo, memória e interpretação" e "Teoria, crítica e processos de criação" do Programa de Pós-Graduação em Letras e Artes (PPGLA) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Volta-se ao desenvolvimento de projetos sobre arquivos literários na Amazônia e processos de criação de escritores amazonenses.
Participação no grupo de pesquisa Representações de violência, poder e gênero em literaturas de língua portuguesa.
Lugares da catástrofe: três espaços do horror em Gonçalo M. Tavares.
Grupo de pesquisa que parte de um conjunto de obras das literaturas em língua portuguesa para refletir sobre como o poder e a violência se manifestam e se transformam na criação literária, formulando uma discussão teórica, crítica, filosófica e histórica a respeito dessas conexões. A pesquisa propõe uma análise teórica e sensível, sob o olhar dos estudos de gênero, para discutir temas explorados nos espaços acadêmicos lusófonos — como a representação do corpo, do autoritarismo e da resistência feminina. Com o apoio de campos como a antropologia, psicanálise, filosofia e história, o estudo busca compreender as relações entre literatura e violência a partir de um ponto de vista crítico, cultural e emancipador.




Este trabalho, publicado na Miguilim: Revista Eletrônica do Netlli, analisa como as relações de gênero, poder e violência se manifestam no erotismo do conto “Luamanda”, presente na obra Olhos d’água, de Conceição Evaristo. A pesquisa discute a violência expressa pelo controle do corpo e da sexualidade feminina, propondo a escrita erótica como instrumento de emancipação. A abordagem adotada é simbólica, buscando revelar os significados profundos presentes na narrativa e suas implicações sociais e de gênero.
Gonçalo M. Tavares é um romancista português contemporâneo que ganhou notoriedade devido ao seu estilo sombrio e à abordagem de temas que levam suas personagens a situações-limite. Em Uma menina está perdida em seu século à procura do pai (2015), apresenta a trajetória da menina que conhece outras personagens. Por meio dessas relações, ora se abrem memórias, ora se alargam silenciamentos, a marcarem a violência, o trauma e o testemunho como temas que percorrem todo o livro. O trabalho que aqui se apresenta perfaz a análise sobre três personagens: Hanna, Moebius e Terezin. Dessa maneira, parte do estranhamento causado pela narrativa de Gonçalo M. Tavares para elucidar: a operação de pequenas tecnologias de sanções punitivas; a memória inscrita no corpo como forma de testemunho; e a memória musical grafada em um muro, representação do lugar de resistência ao apagamento.
O símbolo lua, o nome Luamanda, a relação (erótica/sexual) da personagem com a lua: uma análise do erotismo presente em “Luamanda”, conto de Conceição Evaristo.


Capítulos de livros publicados




O conto “Funeral” apresenta uma narrativa em primeira pessoa que mergulha no universo da mente em crise — um relato intenso sobre delírio, medo e exaustão. A narradora descreve a experiência de lidar com medicamentos psiquiátricos e seus efeitos, oscilando entre a lucidez e a loucura, entre o controle e o colapso.
O texto explora o desequilíbrio psicológico como metáfora da própria condição humana: o desespero diante do real, a desconfiança da percepção e a paranóia que transforma o cotidiano em um cenário de ameaça constante. A linguagem é introspectiva, poética e fragmentada, revelando a fragilidade da razão e a solidão de quem enfrenta o próprio abismo mental.
“Funeral” é, ao mesmo tempo, uma confissão e um rito de passagem — um luto pelo eu que se dissolve entre a criação literária e a doença, entre o delírio e a consciência.
O conto apresenta uma narrativa sensível e melancólica sobre a lembrança, o afeto e a violência. O narrador recorda Zeíla, mulher negra de presença marcante e olhar penetrante, cujo cotidiano se entrelaça ao de Gilvan — o “Rinoceronte”, assim apelidado pela tatuagem em seu braço. Entre gestos sutis e encontros breves, o texto constrói uma atmosfera de amor silencioso e tragédia iminente.
A relação entre Zeíla e o Rinoceronte mistura ternura e dor, enquanto a cidade, o tempo e a memória se confundem em um espaço onírico. A morte, o esquecimento e a repressão social permeiam a narrativa até o desfecho, quando o narrador presencia a violência final que apaga a figura masculina, restando apenas a lembrança do corpo e da tatuagem — símbolo de um amor interrompido.
O conto se destaca pelo lirismo poético, pela crítica à brutalidade cotidiana e pela representação da mulher negra em sua complexidade emocional, oscilando entre o sonho e a realidade, o amor e a perda.
O conto “Súbito” é uma narrativa intimista e delicada sobre o peso da herança familiar e o cuidado intergeracional.
A narradora expõe, com linguagem densa e confessional, a tensão entre o dever e o esgotamento: cuidar da tia idosa e senil, ao lado da irmã e da mãe, torna-se um fardo partilhado, mas também uma forma de amor.
A voz narrativa é atravessada por culpa, fuga e resignação — sentimentos que revelam a complexidade do afeto diante da velhice e da doença mental.
O texto combina lirismo e realismo, explorando o silêncio das mulheres cuidadoras, a repetição dos papéis herdados e o limite entre a ternura e a exaustão.
Em um fluxo introspectivo, transforma-se o cotidiano do cuidado em matéria poética e dolorosa, um retrato da finitude e da persistência feminina diante do tempo.


Meus textos integram as coletâneas: Contos de oficina (1ª ed., Rio Branco: Nepan, 2022, v. 1, p. 73–74); Palavras do norte, mulheres do mundo (1ª ed., Manaus: Edição do Autor, 2021, p. 52–61); Entre linhas, memórias e outras paisagens (1ª ed., 2021, p. 49–56); e Literaturas africanas e literatura afro-brasileira: práticas leitoras para a sala de aula (1ed., Rio Branco: Nepan Editora, 2023, v. 1, p. 135-153).
Projetos
Literatura, ensino e representatividade: fundamentos e proposta didática para o Ensino Médio a partir do conto “Metamorfose”, de Geni Guimarães
Este trabalho apresenta uma sequência didática para o Ensino Médio que amplia o repertório literário ao colocar em foco a autora feminina afro-brasileira, Geni Guimarães, tomando o conto “Metamorfose” como eixo. Em diálogo com a BNCC e com a concepção de Antonio Candido de literatura como direito humano, o projeto confronta a centralidade do cânone e valoriza vozes historicamente marginalizadas, promovendo leitura crítica, escrita autoral e oralidade. A metodologia segue Cosson (motivação, introdução, leitura com intervalos e interpretação) e utiliza referências intertextuais e multissemióticas — como cenas de O auto da compadecida e releituras visuais de Harmonia Rosales — para discutir representações de raça, gênero e poder, além de incorporar “Primeiras lembranças”, da mesma autora, como contraponto temático. Voltada especialmente ao 3º ano (com possibilidade de adaptação), a proposta culmina em produções como resenhas e um jornal escolar, articulando multiletramentos, empatia e cidadania. O resultado esperado é que estudantes reconheçam a literatura como espaço de voz e representação, relacionem texto e experiência social e desenvolvam competências para ler o mundo de forma sensível e crítica.










